domingo, 4 de maio de 2014

As raízes da psicanálise


                           
                                                 A Lição Clínica do Dr. Charcot (1887)
    
    Desde os tempos mais primórdios, um dos maiores desafios para a medicina tem sido a compreensão do psiquê humano. Para o enfrente de tal batalha tomam-se grandes nomes, mas certamente, o que mais se ressalta é o de Sigmund Freud. Médico austríaco, criado por uma família de origem judáica, Freud, desde sua infância, sempre se mostrou uma pessoa totalmente interessada e fascinada pelos mistérios do pensamento humano. 
   
      Quando criança, Freud demonstrava seu fascínio através de anotações cotidianas em seu diário, sobre os sonhos que havia tido na noite anterior. Os sonhos de Freud eram inusitadamente heroicos, por muitas vezes, se auto-identificava com Napoleão Bonaparte e comparava seu irmão com Alexandre, O Grande. A afeição de Freud pelos sonhos e seus possíveis significados se refletiriam em uma das suas maiores obras, publicada em 1899: ''A interpretação dos sonhos''.
  
       Ao publicar sua obra, Freud insistiu para que a datação da obra fosse de 1900, pois segundo ele, sua obra deveria demarcar o início do século XX. Talvez dotado de um certo achismo, Freud sabia de seu potencial. No entanto, não poderia imaginar a magnitude da contribuição que suas obras deixariam como legado para a medicina: As raízes da psicanálise. 

        Durante sua vida, Freud foi ensinado e inspirado por grandes médicos, Jean Martin Charcot foi um deles. Conhecido pelo seu trabalho de hipnose com pacientes histéricos, Charcot foi um neurologista francês que forneceu as bases para o desenvolvimento dos pilares da psicanálise por Freud. Antes de sua convivência com Charcot, Freud também compartilhava da crença de que as doenças psíquicas teriam origem em distúrbios físicos neurais, ou por uma lesão cerebral. 

         No entanto, após assistir as sessões de hipnose realizadas por Charcot, Freud percebeu que havia algo além: ''As doenças mentais poderiam ser causadas e controladas por idéias''. A partir de então, ele passou a utilizar o método da hipnose com seus pacientes histéricos e com outros distúrbios excêntricos. Não era totalmente eficaz, mas obtinham-se os mesmos resultados que os outros métodos praticados na época: Acorrentamento, amordaçamento, imersão em água fria e etc.

        A doença mental era um campo atrasado da medicina do século XIX. A mente era mais do que um mistério obscuro para os médicos da época, era um abismo e Freud se mostrava cada vez mais instigado com isso. Em 1896 ele utilizou, pela primeira vez, o termo psicanálise e em 1897, inicia um feito lendário, quase mítico da Psiquiatria, sua própria autoanálise.  

        Além disso, Freud criou seu Eros e Tanagos: No Eros, falou sobre o instinto construtivo do ser humano. No Tanagos, trabalhado sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, ele discorreu sobre o instinto oposto: O instinto destrutivo do ser humano. Freud durante toda a sua vida, tentou compreender a relação entre esses dois elementos e o efeito de suas intensidades no pensamento humano.

       Freud foi sem dúvida alguma, um médico extraordinário, denodado e determinado. Um grande nome do século XX que ainda deixa suas marcas no século XXI. Um médico. Um ícone. Uma máxima. Um homem que deixou seu legado para a medicina e para os estudos do pensamento humano: As raízes da psicanálise.

Taísy Rincon
     


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A sinfonia secreta do corpo humano


  Durante anos a impossibilidade de se adquirir um conhecimento significativo sobre o corpo humano, apenas através de exames visuais, incitou nos médicos uma premência por novos métodos diagnósticos. Grandes nomes da medicina como Hipócrates, sempre valorizaram a relação com o paciente: O toque, o diálogo e, sobretudo, a observação visual.
   
   No entanto, para alguns, isso não era suficiente. Havia um vigoroso anseio pelo conhecimento da sinfonia secreta do corpo humano: Os sons executados pelos movimentos de certos órgãos. Joseph Leopold von Auenbrugg fazia parte deste grupo. Considerado o inventor da técnica médica de exame por percurssão torácica.  Auenbrugger, foi um médico austríaco que nasceu no século XVIII, no ano de 1722. Filho de um estalajadeiro, ele aprendeu com o pai a avaliar a quantidade de vinho de uma barrica pela percussão. Quando se formou em medicina, passou a aplicar o procedimento ao exame do doente. 
   
    Joseph Auenbrugger estava à frente do seu tempo. Até o século XVIII, os principais meios diagnósticos disponíveis consistiam em ouvir adequadamente a história do paciente, inspecioná-lo, contar a frequência respiratória e o pulso. Ouvir os sons do corpo era um avanço tão revolucionário, quanto extraordinário para época.
    
    Além de Auenbrugger, outro nome a ser lembrado é o de  René Théophile Hyacinthe Laennec.  Médico francês do século XVIII, que ficou conhecido pela invenção do estetoscópio. Certo dia, durante um exame de uma paciente jovem corpulenta, Laennec não se sentiu à vontade para colocar sua cabeça no busto da mesma. Então, lembrou-se de quando viu algumas crianças brincando perto do Louvre ouvindo as extremidades de uma longa peça de madeira, que transmitiu os sons do pino arranhado. Diante disso, Laennec  enrolou um pedaço de papel, amarrando-o com uma corda, e ouviu o coração da paciente com ele. 
     
    "Em 1816, eu fui consultado por uma jovem mulher com sintomas de uma doença cardíaca, e nesse caso a percussão, bem como a aplicação da mão, eram de pouca serventia, em virtude do grande grau de adiposidade da paciente. O outro método chamado escuta direta era inadmissível, tendo em vista a idade e o sexo dela. De repente, me lembrei de um simples e bem conhecido fato em acústica, a grande nitidez com que se ouve o arranhar de um pino em uma extremidade de uma peça de madeira ao aplicar o nosso ouvido no outro lado. Então, eu não só solicitei um laminado de papel em uma espécie de cilindro, como também apliquei o final do mesmo na região do coração e a outra extremidade no meu ouvido, e fiquei surpreso e satisfeito ao descobrir que eu podia, assim, perceber a ação do coração de uma maneira muito mais clara e distinta do que se eu alguma vez tivesse sido capaz de fazer isso pela aplicação imediata do meu ouvido."  (1819, De l'Auscultation Médiate)
  
    Fascinado por sua descoberta, ele destacou os vários sons que ouviu e, em seguida, correlacionou com os dados anatômicos em suas autópsias. Após aperfeiçoar seu experimento, passou a utilizar um pedaço de madeira sólida para ''escutar'' os sons do coração. Em fevereiro de 1818, ele apresentou suas descobertas em uma palestra na Academie de Medecin, depois publicando suas descobertas em 1819.
   
    Em 1850, George Gramman produziu o percursor do estetoscópio moderno, com duas peças de ouvido e um tubo de borracha flexível substituindo os materiais usados anteriormente. E só então, após vários refinamentos, é que surgiu o estetoscópio utilizado nos dias atuais. 

    Tais feitos, permitiram então, aos médicos ouvir, mais do que nunca, os sons do coração e do pulmão e a, consequentemente,  identificar atividades incomuns com maior exatidão e diagnosticar doenças com maior facilidade. Era, portanto, um grande avanço da medicina. Era o conhecimento da tão secreta e misteriosa “Sinfonia do corpo humano.’’

Taísy Rincon Siqueira. 
    
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sábado, 3 de maio de 2014

Mapeamento de Irrigação Intestinal

   O intestino delgado, constituído por duodeno, jejuno e íleo, estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao ceco, a porção inicial do intestino grosso. O intestino grosso é composto por ceco, apêndice vermiforme, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, sigmóide e reto. A irrigação sistêmica do intestino delgado e grosso é composta basicamente por dois ramos abdominais da artéria aorta: A artéria mesentérica superior e a artéria mesentérica inferior.

   A artéria mesentérica superior, além dos ramos pancreatoduodenais inferiores, emite as artérias cólica média, cólica direita, cerca de 16 ramos jejunoileais (Responsáveis pela irrigação de Jejuno e íleo), a Aa. ileocecocólica e a Aa. apendicular. Ela é responsável pela irrigação de pâncreas, intestino delgado, apêndice vermiforme e dois terços iniciais do intestino grosso. A artéria mesentérica inferior ramifica-se em cólica esquerda, sigmóideas e retal superior. Ela é responsável pela irrigação de intestino delgado e porção inicial do reto.

   Além dessas duas grandes artérias (Mesentéricas Superior e Inferior), é necessário ressaltar a importância das Artérias Gastroduodenais. O tronco celíaco da aorta, emite dois ramos para a direita : Aa. hepática comum e Aa. gástrica direita. A Aa. hepática comum torna-se hepática própria, a partir do momento que emite o ramo arterial gastroduodenal. A Aa. gastroduodenal é responsável pela irrigação da primeira parte do duodeno. As Aa. gastroduodenais emitem os ramos pancreatoduodenais superiores e gastroomentais. Os ramos pancreatoduodenais superiores (anterior e posterior), são responsáveis pela irrigação da porção proximal do duodeno. Já a porção distal do duodeno é de irrigação das Aa. pancreatoduodenais inferiores (anterior e posterior).

   A artéria cólica direita é responsável pela irrigação do cólon ascendente. O cólon transverso é irrigado principalmente pela artéria cólica média, mas também recebe ramos das cólicas direita e esquerda. O cólon descendente é irrigado pela artéria cólica esquerda. O sigmóide é irrigado pelas sigmóideas, que emitem ramos descendentes e ascendentes. Os ramos mais superiores das sigmóideas unem-se aos ramos descendentes da cólica esquerda, para formar a Arco Justacólico (MOORE, 225) ou arco de Drummond.

   Ramos direitos da cólica média também se anastomosam com a cólica direita. A anastomose entre a artéria cólica média, ramo da Aa. mesentérica superior e a Aa. cólica esquerda, ramo da Aa mesentérica inferior, recebe o nome Arcada de Riolan.

   Já a irrigação do reto para ser compreendida, necessita de um estudo sistêmico dividido em 3 partes: Reto superior, médio e inferior. O reto superior é irrigado pela artéria retal superior, ramo da mesentérica inferior. O reto médio é irrigado pela artéria retal média, na maioria das vezes, ramo da ilíaca interna. O reto inferior é irrigado pela artéria retal inferior, ramo da artéria pudenda, que é ramo da ilíaca interna.

Taísy Rincon Siqueira

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