
A Lição Clínica do Dr. Charcot (1887)
Desde os tempos mais primórdios, um dos maiores desafios para a medicina tem sido a compreensão do psiquê humano. Para o enfrente de tal batalha tomam-se grandes nomes, mas certamente, o que mais se ressalta é o de Sigmund Freud. Médico austríaco, criado por uma família de origem judáica, Freud, desde sua infância, sempre se mostrou uma pessoa totalmente interessada e fascinada pelos mistérios do pensamento humano.
Quando criança, Freud demonstrava seu fascínio através de anotações cotidianas em seu diário, sobre os sonhos que havia tido na noite anterior. Os sonhos de Freud eram inusitadamente heroicos, por muitas vezes, se auto-identificava com Napoleão Bonaparte e comparava seu irmão com Alexandre, O Grande. A afeição de Freud pelos sonhos e seus possíveis significados se refletiriam em uma das suas maiores obras, publicada em 1899: ''A interpretação dos sonhos''.
Ao publicar sua obra, Freud insistiu para que a datação da obra fosse de 1900, pois segundo ele, sua obra deveria demarcar o início do século XX. Talvez dotado de um certo achismo, Freud sabia de seu potencial. No entanto, não poderia imaginar a magnitude da contribuição que suas obras deixariam como legado para a medicina: As raízes da psicanálise.
Durante sua vida, Freud foi ensinado e inspirado por grandes médicos, Jean Martin Charcot foi um deles. Conhecido pelo seu trabalho de hipnose com pacientes histéricos, Charcot foi um neurologista francês que forneceu as bases para o desenvolvimento dos pilares da psicanálise por Freud. Antes de sua convivência com Charcot, Freud também compartilhava da crença de que as doenças psíquicas teriam origem em distúrbios físicos neurais, ou por uma lesão cerebral.
No entanto, após assistir as sessões de hipnose realizadas por Charcot, Freud percebeu que havia algo além: ''As doenças mentais poderiam ser causadas e controladas por idéias''. A partir de então, ele passou a utilizar o método da hipnose com seus pacientes histéricos e com outros distúrbios excêntricos. Não era totalmente eficaz, mas obtinham-se os mesmos resultados que os outros métodos praticados na época: Acorrentamento, amordaçamento, imersão em água fria e etc.
A doença mental era um campo atrasado da medicina do século XIX. A mente era mais do que um mistério obscuro para os médicos da época, era um abismo e Freud se mostrava cada vez mais instigado com isso. Em 1896 ele utilizou, pela primeira vez, o termo psicanálise e em 1897, inicia um feito lendário, quase mítico da Psiquiatria, sua própria autoanálise.
Além disso, Freud criou seu Eros e Tanagos: No Eros, falou sobre o instinto construtivo do ser humano. No Tanagos, trabalhado sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, ele discorreu sobre o instinto oposto: O instinto destrutivo do ser humano. Freud durante toda a sua vida, tentou compreender a relação entre esses dois elementos e o efeito de suas intensidades no pensamento humano.
Freud foi sem dúvida alguma, um médico extraordinário, denodado e determinado. Um grande nome do século XX que ainda deixa suas marcas no século XXI. Um médico. Um ícone. Uma máxima. Um homem que deixou seu legado para a medicina e para os estudos do pensamento humano: As raízes da psicanálise.
Taísy Rincon